Pesquisa do Project Management Institute (PMI) apresenta variação mínima nas taxas de desempenho entre trabalho remoto, híbrido e presencial
Os modelos de trabalho home office e híbrido viraram aliados das mulheres, que se tornaram as principais defensoras dessas modalidades. A flexibilidade, reconhecida como essencial para promover a igualdade de gênero, não apenas atende às responsabilidades domésticas e parentais, mas também oferece às mulheres a liberdade necessária para buscar novas oportunidades profissionais e dedicar tempo aos estudos.
De acordo com uma pesquisa do Datafolha, o trabalho remoto e o modelo híbrido são a escolha de 52% dos brasileiros. Mulheres lideram a preferência pelo home office, representando 28% dos entrevistados, enquanto o modelo híbrido recebe apoio praticamente equitativo entre homens (27%) e mulheres (28%). Já a opção pelo trabalho totalmente presencial é mais expressiva entre os homens (48%) em comparação com as mulheres (41%).
Na pesquisa “Mulheres em Local de Trabalho”, realizada pela McKinsey & Company em colaboração com LeanIn.Org, 38% das mães com filhos pequenos revelaram que, sem flexibilidade no local de trabalho, seriam compelidas a deixar a empresa ou reduzir suas horas de trabalho. Todos esses dados contradizem o desejo da maioria dos empregadores, que preferem uma volta ao modelo presencial.
Nesse sentido, o novo relatório Pulse of the Profession 2024 elaborado por Project Management Institute (PMI) desbanca a noção de que o local de trabalho impacta negativamente o desempenho dos projetos. Contrariando percepções negativas, especialmente aquelas relacionadas ao trabalho remoto, os resultados revelam que o home office, preferido por muitas mulheres, não compromete a eficácia no ambiente profissional.
Detalhes específicos mostram uma diferença mínima nas taxas de desempenho entre o trabalho remoto, localização híbrida e trabalho presencial. Conforme indicado pela Taxa de Desempenho do Projeto, os dados apontam para 73,2% no trabalho remoto, 73,4% na localização híbrida e 74,6% no trabalho presencial, demonstrando uma variação sutil nas eficiências, independentemente da modalidade de trabalho adotada.
Flexibilidade e salários
Segundo dados da pesquisa entre a Scoop e o Boston Consulting Group (BCG), empresas com políticas flexíveis superam seus pares em crescimento de receita. Empresas totalmente flexíveis apresentaram um crescimento de receita de 21%, em comparação com 5% nas empresas com requisitos de tempo de escritório. Principalmente em um contexto no qual, para alcançar a igualdade total de salários, o Brasil ainda precisaria de 131 anos para enxugar a diferença entre homens e mulheres, segundo dados do Fórum Econômico Mundial. “Estes resultados desafiam a suposição comum de que o trabalho remoto afeta negativamente o desempenho dos projetos. Ao contrário, a flexibilidade no local de trabalho não apenas mantém, mas pode impulsionar o sucesso organizacional, oferecendo vantagens tangíveis, como maior produtividade e crescimento de receita”, diz Ricardo Triana, PMP® diretor interino do PMI América Latina.
De acordo com o estudo do PMI, as organizações não verão um benefício significativo no desempenho dos projetos ao trazerem os funcionários de volta ao escritório, especialmente considerando o impacto negativo que esta medida teria na retenção de talentos, além dos custos operacionais do trabalho presencial. Em vez disso, as organizações devem priorizar a capacitação dos profissionais do projeto, oferecendo flexibilidade nas suas formas de trabalho (WoW), locais e horários, aliviando preocupações sobre potenciais efeitos negativos no desempenho do projeto. O relatório Pulse destaca ainda que as entidades que fornecem facilitadores de apoio essenciais, incluindo mentoria, coaching e grupos de recursos, capacitam as equipas de forma mais eficaz. Esta abordagem promove o desenvolvimento de competências, cultiva uma cultura resiliente e incentiva a aprendizagem contínua, reduzindo significativamente a probabilidade de aumento do âmbito do projeto e de derrapagens orçamentais. “A preferência pela flexibilidade, especialmente entre as mulheres, destaca a importância de modelos de trabalho que promovam equidade e satisfação no ambiente profissional”, acrescenta Triana.
Fornecer suporte aos gerentes de projeto na liderança de equipes remotas e reconhecer que os requisitos de trabalho presencial podem afetar o recrutamento e retenção são fatores que as empresas devem considerar. Para Triana, “aproveitar a tecnologia e a colaboração para promover conexões, colaboração em equipe e comunicação em ambientes de trabalho remotos e híbridos são fundamentais para o sucesso dos projetos neste cenário. Os líderes devem priorizar a capacitação de suas equipes para identificar as formas mais eficazes de trabalhar, enfatizando que a chave para o sucesso do projeto reside na valorização das pessoas em detrimento das estruturas convencionais vinculadas ao escritório”.