Segundo estudos encomendados pela Indeed e Robert Half, quase 60% das pessoas se sentem estressadas no trabalho na maior parte do tempo e cerca de 20% dos profissionais estão fazendo uso de medicação psicofarmacológica
É hora de priorizar a saúde mental no local de trabalho. Esse é o lema da celebração deste ano do Dia Mundial da Saúde Mental. Para marcar o 10 de outubro, as Nações Unidas destacam que uma em cada oito pessoas vive com algum transtorno nesse campo.
A saúde mental dos trabalhadores tem se tornado um tema cada vez mais importante nas discussões sobre bem-estar no local de trabalho. No entanto, apesar dos alertas sobre questões como burnout e o vício em trabalho, os níveis de estresse continuam alarmantes. Segundo o Relatório Global de Bem-Estar no Trabalho de 2024 do Indeed, quase 60% dos colaboradores se sentem estressados na maior parte do tempo e apenas 1 em cada 5 entrevistados sente que está prosperando no trabalho.
Os níveis de estresse entre os colaboradores ainda não retornaram aos níveis pré-pandemia. Além disso, a pesquisa destacou lacunas importantes nas necessidades dos trabalhadores que muitas empresas não estão atendendo adequadamente. Os principais aspectos sociais identificados como determinantes para o bem-estar no trabalho foram: senso de pertencimento, inclusão e os níveis de energia, considerados essenciais para a satisfação e a saúde mental. “O bem-estar no ambiente de trabalho se tornou um fator decisivo para atrair candidatos e garantir o engajamento a longo prazo dos trabalhadores. O lugar onde passamos a maior parte do nosso tempo não deve ser uma fonte de problemas de saúde que podem se estender além do próprio trabalho”, afirma Lucas Rizzardo, diretor de Vendas do Indeed no Brasil.
No Brasil, o propósito foi destacado como o principal indicador de bem-estar no trabalho, seguido pela satisfação, felicidade e ausência de estresse. Entre os fatores sociais, os entrevistados classificaram inclusão, energia e pertencimento como prioridades, nessa ordem.
Equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Existem várias maneiras de melhorar a qualidade de vida no trabalho, como construir amizades e ter interações que vão além das discussões profissionais, por exemplo. Essas conexões podem ajudar os colaboradores a se sentirem mais à vontade para compartilhar ideias e expressar sua personalidade.
Para manter um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional e reduzir o estresse, a principal recomendação é realizar atividades fora do horário de expediente. Os hobbies podem ajudar a desenvolver novas habilidades e expandir o networking. Seja pintando, fazendo trilhas ou tocando um instrumento, os passatempos permitem que os trabalhadores relaxem e construam resiliência. Além disso, esportes podem desenvolver a colaboração em equipe e habilidades de liderança. Aprender a jogar xadrez, por exemplo, pode aprimorar o pensamento estratégico.
“Quando as pessoas se sentem inspiradas e motivadas, a energia e produtividade aumentam, e a saúde mental deve ser considerada uma prioridade neste contexto. O debate sobre o bem-estar no trabalho precisa ser acompanhado por ações concretas que realmente beneficiem os colaboradores, e criar ambientes onde se sintam bem-vindos é o primeiro ponto para garantir a segurança emocional no ambiente profissional”, conclui Rizzardo.
Metodologia
A coleta de dados sobre o bem-estar no trabalho realizada pelo Indeed abrange 19 países, com mais de 250 milhões de pontos de dados coletados e pesquisas concluídas por mais de 25 milhões de indivíduos. Este relatório explora insights de dez mercados — Austrália, Canadá, Alemanha, França, Reino Unido, Índia, Japão, Brasil, Holanda e Estados Unidos. Os dados, coletados através da Pesquisa de Bem-Estar no Trabalho do Indeed entre outubro de 2019 e janeiro de 2024, foram analisados em parceria com o Centro de Pesquisa de Bem-Estar da Universidade de Oxford, com apoio e orientação do Dr. Jan-Emmanuel De Neve e do Dr. George Ward. Este é o maior conjunto de dados sobre bem-estar no trabalho do mundo. Os dados são exibidos publicamente nas páginas da empresa Indeed nos EUA, Canadá e Reino Unido, onde a Pontuação de Bem-Estar no Trabalho foi lançada.
Cerca de 20% dos profissionais estão fazendo uso de medicação psicofarmacológica
Outro estudo da The School of Life, em parceria com a Robert Half, mapeou que 18,2% de um grupo de 387 líderes do Brasil e 21,43% de um total de 387 liderados do País têm feito uso de alguma medicação psicofarmacológica para aliviar sintomas de ansiedade, dormir melhor e/ou aumentar a produtividade, entre outros motivos. A 5ª edição da Pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho mapeou, ainda, que mais de 40% dos profissionais têm enfrentado problemas com saúde mental, entre os quais estão os que receberam diagnóstico médico de estresse, burnout ou ansiedade, além daqueles que não passaram por avaliação clínica, mas se sentem emocionalmente abalados.
Você faz uso de alguma medicação psicofarmacológica? (múltipla escolha) | LÍDERES | LIDERADOS |
Não faço uso de medicação psicofarmacológica
Sim, para aliviar sintomas de ansiedade Sim, para dormir melhor Sim, por outro motivo Sim, para aumentar a produtividade |
81,80%
11,17% 6,80% 2,91% 1,94% |
78,57%
17,56% 8,63% 3,87% 2,08% |
No último ano, você recebeu diagnóstico médico de estresse, ansiedade ou burnout? (múltipla escolha) | LÍDERES | LIDERADOS |
Não recebi diagnóstico médico e sinto que estou emocionalmente bem
Não recebi diagnóstico médico, mas me sinto emocionalmente abalado(a) Sim, recebi diagnóstico de ansiedade Sim, recebi diagnóstico de estresse Sim, recebi diagnóstico de burnout |
61,95%
16,34% 13,17% 10,49% 5,12% |
53,57%
21,43% 19,94% 10,71% 4,17% |
A 5ª edição da Pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho ouviu 387 líderes e 387 liderados de diferentes regiões do Brasil, com idade igual ou superior a 25 anos e formação superior completa. O mapeamento, realizado entre os dias 16 de julho e 16 de agosto de 2024, destacou outros dados que merecem atenção das empresas no quesito gestão de pessoas:
• 50,30% dos liderados acreditam que a própria saúde mental é negativamente impactada pela maneira como a cobrança por produtividade acontece na empresa em que trabalham;
• 64,57% dos líderes afirmam que discutem questões de saúde mental com seus liderados com frequência ou ocasionalmente, mas 71,13% dos liderados declaram que essas conversas acontecem nunca ou raramente;
• 50,97% dos líderes disseram que a empresa em que atuam não dispõe de ação ou recurso para apoiar a saúde mental no local de trabalho, com uma parcela desse grupo (32,52%) indicando que não há expectativa de que isso aconteça até o final de 2025;
• 18,20% dos líderes admitiram já ter praticado assédio moral, com ou sem intenção, enquanto 35,12% dos liderados entrevistados disseram que já se sentiram moralmente assediados.
Guilherme Spadini, psiquiatra, professor e líder de psicoterapia na The School of Life, afirma que “ano após ano nós conseguimos observar como a saúde mental tem sido cada vez mais levada a sério nas empresas. Mas a pesquisa ainda surpreende por mostrar que metade delas não dispõe de recursos estruturados para lidar com o tema. Precisamos entender que saúde mental não é apenas uma responsabilidade individual, mas é algo que emerge de todo o ecossistema de trabalho. O cuidado com pessoas deve ser uma questão de cultura, não apenas de esforços isolados. É difícil atingir isso sem que haja um projeto contínuo e estruturado de promoção à saúde mental”.
Maria Sartori, diretora associada da Robert Half, diz que “pessoas em posições de gestão não precisam agir como terapeutas, porém devem se portar como líderes. Olhar com atenção para o time, reservando momentos na agenda para a gestão das pessoas é fundamental. Além disso, é preciso oferecer abertura para conversar, apoiar e encontrar, em uma via de mão dupla, estratégias para lidar com os desafios profissionais de maneira mais equilibrada e saudável”.
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