Transformação digital e recentes mudanças nos modelos de trabalho provocaram desequilíbrio entre prioridades dos profissionais e da gestão
Muitas companhias já estão retomando suas rotinas presenciais nos escritórios, mas, nos últimos anos, vimos o veloz advento do home office e alta adesão do modelo híbrido. A corrida pelo expediente remoto impulsionou uma transformação digital rápida e uma série de outras mudanças, originadas pela necessidade de flexibilização nos modelos de trabalho.
A evolução do isolamento social obrigatório em 2020 para o recente retorno ao presencial aconteceu em um curto espaço de tempo, mas foi suficiente para gerar uma lacuna entre o que os empregadores e o que os trabalhadores queriam. O resultado foi o fenômeno “The Great Mismatch” ou “A Grande Incompatibilidade”.
Metade das lideranças afirmaram que as suas empresas já exigiam ou planejavam exigir que os colaboradores regressassem ao trabalho presencial em tempo integral em 2023, como aponta um estudo da Microsoft. Em contrapartida, 52% dos colaboradores entrevistados estavam cogitando mudar para um trabalho remoto ou híbrido. “Os números mostram a incompatibilidade entre os talentos e seus empregadores. Enquanto parte das lideranças exige o retorno ao modelo presencial, muitos profissionais preferem opções que permitam a flexibilidade, buscando o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, o que tem gerado alta procura por novas oportunidades de trabalho”, explica Wilma Dal Col, diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil.
Dados do Relatório Tendências 2023, do ManpowerGroup, revelam que 31% dos profissionais aceitariam assumir outro emprego se ele oferecesse uma rotina mais equilibrada.
O que fazer diante desse cenário?
Grandes companhias têm adotado benefícios e iniciativas para estimular o regresso ao modelo presencial; mesmo assim, a medida não tem conseguido reverter essa incompatibilidade conforme o esperado.
Wilma defende que as empresas considerem medidas que reforcem a flexibilidade de horários, nos modelos híbridos, presencial e home office. “Desta maneira, os colaboradores se sentirão mais seguros, porque poderão alinhar sua rotina de trabalho e vida pessoal. Esse é um dos principais desejos no atual mercado de trabalho”, declara.
A cultura empresarial também é um importante fator. Colaboradores que se sentem integrados ao time e apoiados pela companhia tendem a tolerar melhor as mudanças internas. Portanto, o ideal é que a gestão entenda a importância de um trabalho perene de promoção de saúde e bem-estar, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, incentivo ao crescimento, feedbacks construtivos e constante engajamento entre equipes. “Outra medida eficaz é ter canais abertos de comunicação. Desta forma, as empresas podem ouvir seus colaboradores e pensar em medidas que sirvam dentro do contexto individual e ajudem a reter os talentos, além de investir no aprimoramento técnico e no crescimento de cada um”, finaliza a executiva.