Gestores devem aprimorar suas habilidades de comunicação para engajar, motivar e direcionar suas equipes
A comunicação, uma habilidade que parece tão inerente ao ser humano, guarda grandes desafios. Embora seja fundamental na vida pessoal, profissional e social, comunicar-se de maneira eficaz pode ser mais complexo do que aparenta, especialmente porque envolve, no mínimo, duas pessoas: o locutor e o interlocutor.
Quantas vezes você já expressou algo que, para você, parecia claro, mas foi mal interpretado pelos outros? Isso acontece porque a comunicação nunca é um processo solitário.
No ambiente profissional, o desafio da comunicação pode ser ainda maior, especialmente para líderes. O gestor precisa garantir que todos os membros da equipe compreendam a mesma mensagem, para que os projetos avancem e os desafios sejam superados. Mas, será que todo líder nasce com o “dom” da comunicação? E mais, essa habilidade essencial pode ser desenvolvida?
Segundo Carolina Valle Schrubbe, fundadora da Quare, empresa de Blumenau especializada no desenvolvimento de líderes, a resposta é sim. “A comunicação exige disciplina, tempo e esforço para ser feita da maneira correta. Para sermos compreendidos, precisamos de um esforço consciente e das técnicas adequadas. Cada pessoa interpreta as palavras com base em sua percepção, por isso, o estilo de comunicação que funciona com uma pessoa pode não ter o mesmo efeito com outra. Podemos adaptar nossa comunicação investindo no autoconhecimento, entendendo o perfil comportamental dos outros e utilizando as técnicas certas para promover motivação e engajamento na equipe”, explica.
Ela também destaca a importância de o líder identificar seu estilo de comunicação. Carolina identifica quatro perfis principais: paciente, analítico, influente e dominante.
Pacientes: Líderes focados em ouvir. Estabelecem confiança e preferem conversas individuais a discursos em massa. Buscam promover harmonia e colaboração, priorizando o bem-estar da equipe.
Dominantes: Diretos e objetivos, preocupam-se com eficiência e execução. Sua comunicação é assertiva, e eles preferem ações imediatas, sendo ouvintes impacientes.
Analíticos: Valorizam dados e detalhes, focando em uma comunicação lógica e fundamentada em evidências. São racionais e evitam expressar opiniões sem certeza.
Influentes: Comunicadores calorosos e envolventes, priorizam relações interpessoais. São inspiradores e evitam temas desagradáveis, preferindo uma abordagem leve.
A Comunicação como um foguete
Porém, a comunicação de um líder não se baseia apenas nas palavras que ele usa, mas na forma como transmite suas intenções e emoções através de outros elementos, essenciais para inspirar, engajar e direcionar sua equipe. Carolina compara a comunicação eficiente a um foguete. “Cerca de 55% da comunicação é não-verbal, como o combustível do foguete. Para um líder, isso inclui postura, expressões faciais e gestos, que influenciam diretamente como a mensagem é recebida”, explica.
O tom de voz representa 38% dessa estrutura. “A entonação ajusta como a mensagem será interpretada. Um tom firme transmite autoridade, enquanto um tom suave pode reforçar apoio e empatia”, acrescenta.
Por fim, as palavras, que representam apenas 7% da comunicação, são a “cabine” do foguete. “As palavras são essenciais para expressar ideias e dar instruções, mas, sozinhas, são insuficientes. O corpo e o tom de voz devem estar alinhados com as palavras para que a mensagem seja clara e consistente”, reforça Carolina.
Se um líder usa palavras motivadoras, mas seu corpo e tom não correspondem a essa motivação, a mensagem será percebida como inconsistente. As palavras são a ponta final da comunicação, mas precisam estar em sintonia com os demais componentes para que a equipe entenda a direção e a visão do líder.
No final, a comunicação de um líder permeia todas as áreas da organização. Quanto mais clara e transparente for, maior será o crescimento das diversas áreas da empresa.