Segundo Roberta Rosenburg, especialista em capacitação e desenvolvimento de liderança, área de recursos humanos precisará ampliar visão estratégica e analítica
As práticas e políticas de recursos humanos nas empresas têm passado por transformações importantes, aceleradas sobretudo no pós-pandemia. Com o avanço da digitalização e de modelos de trabalho à distância, alavancados por mudanças nos perfis dos próprios profissionais, as áreas de RH têm revisto procedimentos de recrutamento, seleção e desenvolvimento de carreira, modificados e potencializados com o uso de ferramentas tecnológicas que também evoluem constantemente.
Para os próximos anos, é esperada a consolidação de novos paradigmas nas estratégias de gestão de pessoas nas organizações. “As que se mantiverem alinhadas com as condutas de ponta atrairão os melhores talentos e terão menores índices de rotatividade”, afirma Roberta Rosenburg, especialista em capacitação e desenvolvimento de liderança e CEO da F.Lead, consultoria de desenvolvimento profissional.
Roberta destaca que o grande desafio para os profissionais de RH passa a ser o de combinar suas expertises de avaliação e análise crítica com o uso otimizado de recursos como os de inteligência artificial, reforçando que, por as próprias tecnologias se renovarem ininterruptamente, sua aplicação precisa estar sempre sendo revisitada.
A área terá muito trabalho a fazer nos anos que virão: dados recentes do Gartner apontam que, para 56% dos líderes de recursos humanos — foram consultados 500 deles em 40 países —, as soluções e tecnologias de RH disponíveis ainda não atendem às suas necessidades presentes e futuras nos negócios, mesmo em termos de transformação digital. A seguir, a especialista da F.Lead elenca cinco tendências para a área de recursos humanos a ser consideradas até 2027.
1. Uso de IA em processos de recrutamento e seleção: na medida em que o cadastro a vagas por plataformas como o LinkedIn amplia a quantidade de candidatos, de outro a inteligência artificial é cada vez mais usada em etapas iniciais de triagem, elevando a cada ciclo as possibilidades de automatização no processo seletivo. Até mesmo entrevistas por vídeo já são realizadas dessa forma: no caso, o candidato acessa um aplicativo e tem um tempo predeterminado para responder a determinadas perguntas, sem a necessidade de interagir com um recrutador humano durante a atividade.
2. Pensamento e análise crítica ao longo dos processos: as ferramentas auxiliam nas tomadas de decisão e no direcionamento das ações, mas os critérios de leitura e avaliação dos profissionais de RH serão cada vez mais decisivos para atingir o melhor desempenho de grupos e indivíduos. A interpretação de dados, assim, torna-se crucial para o seu aproveitamento eficaz. O uso da tecnologia, por sinal, precisa ser adequado à cultura de cada empresa e às suas necessidades específicas.
3. Conexão com o negócio: o RH precisa entender não apenas de recursos humanos, mas ampliar sua visão estratégica para o negócio da empresa como um todo. “O profissional da área precisa dimensionar o impacto de sua ação no Ebitda [lucro antes de juros, depreciação e amortização]”, pontua Roberta.
4. Construção de uma cultura de engajamento genuíno: os propósitos e a missão corporativa devem ser transparentes e verdadeiros para que os funcionários se tornem embaixadores naturais e genuínos das marcas para as quais trabalham. Alcançar esse status envolve a adesão, em todos os níveis organizacionais, a valores como inclusão, diversidade e preocupação ambiental, além do bem-estar dos colaboradores — priorizando, inclusive, sua saúde mental. As lideranças de RH serão preponderantes na construção de culturas que priorizem esses aspectos.
5. Lideranças presentes e conscientes: profissionais e equipes cada vez mais demandam um acompanhamento de carreira sensível a suas necessidades. O RH das empresas precisa desenhar estratégias que favoreçam a motivação e o engajamento dos funcionários, estabelecendo vínculos de confiança com eles e traçando diretrizes que equilibrem produtividade e qualidade de vida. Nesse contexto, a IA nas interações também precisa ser aplicada de forma balanceada, como no caso do uso de avatares em campanhas internas. É preciso deixar evidente quando se trata de robôs em determinadas ações, uma vez que a transparência deve ser sempre a medida para fortalecer os elos entre líderes e liderados.