Jovens têm dificuldade de desenvolver perfil de liderança em meio à revolução da inteligência artificial

Com o avanço da Inteligência Artificial (IA) no ambiente corporativo, uma pergunta ganha destaque: como a IA pode auxiliar no desenvolvimento de novas lideranças? Apesar da tecnologia estar cada vez mais presente no dia a dia dos jovens, ainda existem importantes obstáculos para que a IA potencialize a formação de novas lideranças. Seja por falta de acesso à educação tecnológica ou escassez de profissionais qualificados, a implementação da IA no desenvolvimento de líderes ainda engatinha no Brasil, mas o panorama promete mudar nos próximos anos.

Segundo a pesquisa Our Life With AI, realizada pelo Google, 89% das pessoas acreditam que a IA generativa transformará a maioria dos empregos nos próximos cinco anos, e 52% creem que a mudança seja positiva. Executivo de RH mais seguido do LinkedIn Brasil e especialista em gestão de pessoas em tempos de IA, Adriano Lima afirma que a tecnologia é benéfica, mas os profissionais precisam aprender a usá-la de forma eficaz. “Ainda existe um imenso gap de talentos, conhecimento, compreensão e análise crítica no Brasil. Há pouca conversa entre academias e startups, assim como faltam profissionais de qualidade para preencher diversas vagas de tecnologia nos mais diversos setores”, afirma o especialista.

Falta de acesso à educação tecnológica

Apesar dos jovens já estarem habituados à ferramenta, líderes com níveis hierárquicos mais altos sabem utilizar a IA mais efetivamente. Uma pesquisa do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) mapeou quantos colaboradores de startups usam a tecnologia no dia a dia, e foi constatado que 73% dos CEOs são adeptos à ferramenta. Em cargos mais baixos, de gerência, o número desce para 51%. “O problema está na educação dos colaboradores. Claro que os mais jovens convivem com a tecnologia no dia a dia, mas nem todos sabem usar a tecnologia para desenvolver sua liderança. Gestores mais experientes, entretanto, navegam melhor pela ferramenta, muito por conta do know-how prático adquirido ao longo dos anos”, afirma Adriano.

Desumanização

A IA certamente agiliza operações técnicas — e os brasileiros sabem disso. Segundo o levantamento Atlântico Digital Transformation Report, 41% dos brasileiros acreditam que a inteligência artificial aumentou a produtividade no trabalho. A automatização dos processos, corre o risco de desumanizar nas relações de trabalho, onde a comunicação e a empatia podem ser substituídas por interações mecanizadas, prejudicando o desenvolvimento de uma liderança verdadeiramente humana e inclusiva. “É essencial que os jovens equilibrem o uso da IA com o fortalecimento de suas competências humanas. A empatia, a capacidade de inspirar e motivar equipes, e a inteligência emocional são habilidades que a IA ainda não consegue replicar. Essas qualidades são essenciais para qualquer líder, e é importante que os jovens profissionais tenham isso em mente”, aconselha o executivo.

Falta de comunicação interpessoal

A comunicação, inclusive, deve ser um ponto de atenção dos jovens profissionais. Pesquisa da AL+ People & Performance Solutions, e coordenada por Adriano Lima, mapeou as maiores preocupações dos executivos da área de RH no Brasil. O levantamento identificou que problemas na comunicação e transparência, além de feedbacks, são os principais fatores que incomodam os RHs brasileiros que, como sabemos, são responsáveis, entre outras atividades, pelas contratações. Dentre nove tópicos disponíveis para votação, a falta de comunicação é o problema que mais incomoda os líderes da área, e foi citada por 82,61% dos entrevistados. “Para liderar, a comunicação deve estar em dia. A IA pode gerar uma falsa sensação de segurança, levando-os a confiar cegamente em algoritmos sem questionar ou considerar o contexto humano e ético das situações”, diz Adriano.

Crescimento acelerado da tecnologia

Com mais de 25 anos de experiência como executivo de RH em empresas como Unilever, Itaú Unibanco, Neon, Dasa, MasterCard, Amil e Minerva Foods, Adriano Lima viu a transição e implementação de diversos processos tecnológicos e também acompanhou a trajetória profissional de inúmeros jovens. O crescimento da IA a partir de 2022, com o lançamento de ferramentas como o chatGPT, foi o ponto de virada no que diz respeito ao futuro do trabalho. “Vivenciei de perto diversas transformações tecnológicas ao longo da minha carreira, mas o impacto da IA está redefinindo o futuro do trabalho de maneira sem precedentes. Tudo está mudando muito rápido, em questão de semanas. As empresas e os profissionais devem estar preparados, senão ficam para trás”, alerta Adriano.

Os desafios, porém, podem ser superados com a orientação correta e gerar ótimos resultados. “A capacidade da IA de fornecer dados em tempo real e insights permite que os jovens se mantenham atualizados e adaptem suas estratégias de forma mais ágil”, diz Adriano. Ao automatizar tarefas operacionais, a tecnologia também libera tempo para que esses jovens se concentrem no desenvolvimento de habilidades técnicas, além de soft skills como comunicação assertiva, resiliência e inteligência emocional”, conclui Adriano.

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