Botas de PVC, galochas, respiradores descartáveis e máscaras faciais protegem contra a inalação de patógenos presentes nessas áreas
Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das piores enchentes de sua história. Comunidades inteiras ficaram submersas, e agora, com os níveis de água abaixando, começa o doloroso retorno ao lar e o esforço de voluntários e famílias inteiras para higienizar os lugares afetados. No entanto, esse movimento trouxe um outro problema, que é a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados. Sem eles, as equipes ficam expostas a transmissão de doenças graves, como leptospirose, cólera e hepatite A, devido ao alto nível de coliformes fecais presente nas águas.
De acordo com Thiago Avelino, técnico em segurança do trabalho e CEO da SafetyTec, empresa pioneira que, há mais de 10 anos, desenvolve soluções inovadoras e tecnológicas que auxiliam nas rotinas relacionadas à Segurança do Trabalho no Brasil, os riscos à saúde para aqueles que não usam EPIs e participam das operações são alarmantes. “Os alagamentos elevam os níveis de água a ponto de ser necessário o uso de barcos, expondo voluntários e equipes a riscos evidentes de afogamento. Profissionais envolvidos no resgate de animais, por exemplo, também correm o risco de contaminação por raiva e até mesmo escoriações por mordidas”, pontua.
Para garantir a segurança durante as operações de limpeza após enchentes, é obrigatório o uso de conjuntos de saneamento impermeáveis, que protegem a pele da contaminação. “Botas de PVC ou galochas são essenciais porque evitam o contato com água ou lama. Respiradores descartáveis e máscaras faciais protegem contra a inalação de patógenos presentes em áreas de resgate, especialmente quando há remoção de corpos em decomposição”, declara.
Impactos do uso inadequado ou falta de EPIs
Segundo o especialista, o uso inadequado ou a ausência de EPIs podem agravar significativamente os problemas de saúde pública após desastres naturais. “Conforme a legislação, o uso correto dos equipamentos deve ser orientado por profissionais habilitados para garantir a proteção contra agentes insalubres. A conscientização e treinamento adequados são essenciais para todos os envolvidos”, relata.
Thiago acredita que a educação da população sobre a necessidade de EPIs durante a limpeza pode evitar uma série de problemas. “Embora conheçam os equipamentos, muitas pessoas não compreendem totalmente sua importância e a função de minimizar as consequências de acidentes ou eventuais doenças. Instruções claras e acessíveis sobre o uso correto dos equipamentos podem aumentar a adesão e, consequentemente, a proteção dos envolvidos em situações de emergência”, afirma.
Atualmente, não existem programas governamentais específicos para fornecer EPIs às comunidades afetadas por enchentes. “A distribuição geralmente é realizada voluntariamente por fabricantes e distribuidores. Este cenário destaca a necessidade de iniciativas para garantir o acesso adequado a esses equipamentos durante esse tipo de tragédia”, lamenta.
De acordo com o técnico, usar EPIs de forma correta é um desafio mesmo em empresas com uma cultura de segurança consolidada. “Em circunstâncias emergenciais, este desafio é ainda maior. A colaboração com autoridades especializadas e o suporte do Departamento de Segurança do Trabalho de empresas e instituições são cruciais, fornecendo a orientação necessária e assegurando que os trabalhadores utilizem os EPIs corretamente, mesmo nessas condições”, declara.
Manutenção e eficácia na prática
A higienização adequada é essencial para manter a eficácia dos EPIs, que podem perder suas propriedades protetoras ao longo do tempo. “Em situações de resgate, a higienização rigorosa é ainda mais crucial, embora o descarte adequado seja frequentemente inviável devido à escassez de recursos”, aponta.
Segundo Thiago, embora não existam estudos de caso específicos sobre o uso de EPIs durante a limpeza após as enchentes, a experiência prática confirma que os equipamentos minimizam a exposição a agentes nocivos e riscos de acidentes. “São itens fundamentais para prevenir acidentes graves, evidenciando a importância crucial dos EPIs em operações de resgate e limpeza”, finaliza.