Choro e exposição: a moda da Geração Z de gravar a demissão para postar no TikTok

Não é novidade para ninguém que as redes sociais ganharam força no Brasil e no mundo nos últimos anos, mas, especialmente para a Geração Z, que tem acesso à elas desde crianças, esse ambiente é uma extensão de suas vidas cotidianas, em que é possível compartilhar os momentos alegres e tristes, como uma demissão, por exemplo.

Recentemente, Brittany Pietsch compartilhou no TikTok dois vídeos, que já têm mais de dois milhões de visualizações, do momento em que foi desligada, supostamente, por seu baixo desempenho em uma reunião on-line sem a presença do seu chefe. Durante a conversa, a jovem americana questionou o motivo do corte e falou sobre os feedbacks positivos que recebeu tempos antes de seu gestor direto, mas os colaboradores responsáveis pelo desligamento não foram capazes de explicar o motivo. Brittany declarou ao The Wall Street Journal que não se arrepende e que outros profissionais estão dizendo a ela: “gostaria ter me defendido como você fez”.

Usando a hashtag #quittok (#demissãotok, em tradução livre), outras pessoas têm postado situações semelhantes e, com isso, surge um novo fenômeno no mundo corporativo (e na internet), enquanto as demissões em massa continuam a causar impactos em vários setores. Para o especialista em ética, diversidade, equidade e inclusão, e CEO da Condurú Consultoria, Deives Rezende Filho, esses vídeos são uma consequência natural do mercado de trabalho na era digital. “As pessoas mais jovens têm a tendência de compartilhar histórias nas redes sociais, então não veem nenhum problema em dividir esses detalhes privados da vida. Entretanto, não podemos deixar de falar sobre a relação entre colaboradores e liderança, uma vez que a organização não poderia ter agido como se a única culpada pela demissão foi a pessoa demitida. Neste caso específico, faltou seriedade e respeito para com a pessoa desligada”, diz.

As demissões, sejam por layoffs ou casos pontuais, têm um impacto na vida do colaborador, da equipe e da empresa. De acordo com a pesquisa Employee Experience, do Great Place To Work (GPTW), cerca de 72% das empresas não têm um treinamento ou capacitação para demitir. Além disso, em apenas 54% há critérios definidos para o desligamento, o que significa que em 45% não há elementos bem definidos nesse sentido. “É preciso dar algum tipo de sinal sobre uma potencial demissão e que pessoas ou equipes serão afetadas. É empático preparar esses colaboradores para que eles tenham alguma vantagem na hora de ir em busca de novas oportunidades. Demitir é uma das coisas mais difíceis que um líder tem que fazer e tornar isso frio e transacional prejudica a autoestima do trabalhador,” destaca Rezende.

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