Histórias inspiradoras mostram como políticas inclusivas fazem a diferença e inspiram a próxima geração de líderes femininas
O Dia Internacional da Mulher, oficializado pela ONU em 1975, carrega um simbolismo que vai além das celebrações. A data reflete a luta histórica das mulheres por igualdade de gênero e equidade em todos os setores da sociedade. Apesar de avanços significativos nas últimas décadas, a caminhada rumo à alta gestão ainda é repleta de barreiras culturais, sistêmicas e psicológicas.
No Brasil, as mulheres ocupam 39,1% dos cargos de liderança, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados de 2023. Embora seja um aumento em relação aos 35,7% registrados em 2013, o ritmo de crescimento segue lento. Além disso, mesmo com mais anos de escolaridade do que os homens — 12 anos, em média, contra 10,7 —, elas ainda encontram dificuldades para alcançar as mesmas posições e remunerações. “É urgente ampliar o debate e implementar medidas concretas para chegarmos a um cenário de equidade plena no mercado de trabalho brasileiro”, destacou Ricardo Alban, presidente da CNI, em comunicado.
Apesar de avanços, a desigualdade de gênero ainda exige atenção. Segundo o Fórum Econômico Mundial, ao ritmo atual, o Brasil levará 131 anos para alcançar a paridade total no mercado de trabalho. A equidade salarial, por exemplo, atingiu 78,7 pontos em 2023, um avanço modesto em relação aos 72 pontos registrados uma década atrás.
Neste Dia Internacional da Mulher, mais do que reconhecer conquistas, é essencial fortalecer iniciativas que promovam a equidade de gênero.
Salto Alto: preparando mulheres para liderar
Iniciativas como o programa Salto Alto surgem como respostas à necessidade de acelerar essa transformação. O curso de imersão em liderança feminina, idealizada pela empresária e executiva Tatiana Marzullo, tem como propósito impulsionar a liderança feminina através de conexões com empresas de sucesso global movidas por valores e propósito.
A iniciativa reflete seu compromisso em explorar e potencializar a liderança feminina. Nesse programa, exclusivo para mulheres com imersão nos Estados Unidos, Tatiana utiliza seus anos de experiência e sabedoria para impulsionar líderes e negócios através de conteúdo, experiências e conexões estratégicas. Mais do que conhecimento, o programa promove uma transformação profunda, ajudando mulheres a alinharem a sua liderança com os seus sonhos e objetivos. Ao criar o programa de imersão, Tatiana visa promover uma transformação significativa, capacitando mulheres a liderarem com autenticidade, confiança e impacto em suas carreiras e negócios. “A liderança feminina não é apenas uma questão de representatividade, mas de estratégia empresarial. Diversidade gera inovação e melhores resultados”, afirma Tatiana, que também é fundadora e CEO da Agência A+, que possui mais de 65% de mulheres em seu quadro de colaboradores.
Lideranças que inspiram no varejo
Histórias de mulheres que superaram barreiras ajudam a mostrar como iniciativas e políticas inclusivas podem transformar o mercado. É o caso de Kátia Silva, fundadora da marca de cosméticos naturais Águas de Ipanema. Após uma trajetória de sucesso na L’Oréal Brasil, quando liderou projetos estratégicos, Kátia seguiu seu sonho de criar uma empresa que refletisse seus valores de sustentabilidade e bem-estar. “Águas de Ipanema não é só um negócio, mas um movimento em prol da beleza consciente. É a realização de um sonho que carreguei por toda a vida”, disse Kátia, que hoje é uma referência de liderança e empreendedorismo no setor de beleza.
Outra iniciativa que se destaca é a política do Grupo CVLB de promoção de mulheres. Márcia Lassance, diretora de Gente & Gestão, foi promovida um ano após retornar de sua licença. “A igualdade de gênero é um pilar do nosso trabalho. Criar um ambiente onde as mulheres possam crescer é essencial para o sucesso coletivo”, afirmou Márcia.
Já Júlia Florez, atual gerente de CRM do grupo, é exemplo de como o desenvolvimento interno pode gerar lideranças consistentes. Júlia começou como estagiária e, após anos de dedicação e apoio institucional, alcançou um dos cargos mais estratégicos da companhia. “Ao longo da minha trajetória, tive líderes femininas que me inspiraram e abriram caminhos. Agora, tenho o papel de fazer o mesmo por outras mulheres”, ressaltou Júlia.
Na Combrasil não é diferente. À frente da área de marketing da empresa, Jociane Sousa se destaca como uma liderança essencial em um setor onde a representatividade das mulheres cresce a cada ano. “O varejo ainda é predominantemente masculino, mas o marketing tem se tornado um ambiente cada vez mais ocupado por mulheres, e isso reflete a força e a criatividade que trazemos para o negócio. Com o crescimento da Combrasil, seguimos reforçando esse protagonismo feminino dentro da empresa e no mercado”, destaca Jociane.
Vanessa Leite, coordenadora de marketing dos Supermercados Mundial, está desde 2018 na empresa e não tem medo de desafios. Ela sabe que a liderança feminina é capaz de trazer um novo olhar e impulsionar resultados significativos. “O varejo é um setor desafiador, ainda mais para as mulheres. Mas acredito que a paixão pelo que fazemos, a empatia com as pessoas e a criatividade para inovar são ingredientes essenciais para o sucesso. No Mundial, encontro um ambiente que me permite crescer e desenvolver meu potencial, o olhar feminino nas estratégias de marketing de um supermercado é importantíssimo, pois falamos com as famílias.”
Força feminina na indústria farmacêutica
Alba Eiras de França, diretora de Pessoas e Comunicação na Lundbeck Brasil, se destaca por uma liderança humanizada, baseada na autonomia, no crescimento e na valorização de sua equipe. Com mais de 20 anos de experiência em Recursos Humanos, ela promove um ambiente de trabalho justo e colaborativo, onde cada profissional tem espaço para se desenvolver e contribuir ativamente. “Amo olhar para o indivíduo”, afirma, reforçando seu compromisso com uma gestão que vai além dos números, focada no impacto positivo na vida das pessoas.
À frente da Alko do Brasil, Juliana Komel ocupa hoje o cargo de Co-CEO, destacando-se como uma liderança feminina em um setor tradicionalmente dominado por homens. Sua trajetória reflete a crescente presença das mulheres na indústria de diagnóstico por imagem e na gestão de empresas do setor de saúde, reforçando a importância da diversidade e da equidade no ambiente corporativo. “Assumir a liderança em um setor tão estratégico como o diagnóstico por imagem é um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para reforçar o papel da mulher na indústria. A diversidade de pensamento e a equidade são essenciais para impulsionar inovação e crescimento sustentável.”
Na MedQuímica, a presença feminina é cada vez mais expressiva, especialmente em cargos de liderança, reforçando a importância da diversidade e do protagonismo das mulheres no setor farmacêutico. Um dos exemplos dessa representatividade é Aline Mendonça, Executiva de Marketing & Trade, que desempenha um papel estratégico na expansão e posicionamento da empresa no mercado. “Ver mulheres em posições de liderança na indústria farmacêutica mostra que estamos avançando na construção de um mercado mais diverso e inclusivo. Na MedQuímica, temos o compromisso de fomentar esse crescimento e inspirar outras mulheres a ocuparem espaços estratégicos”, destaca.
Terceiro Setor
Em 2005, Bianca Provedel, chegou ao Instituto Ronald McDonald como assistente de comunicação. Hoje, 20 anos depois, ela se destaca como uma líder do terceiro setor e CEO da instituição. Carioca apaixonada por relações humanas e transformações, Bianca combina sua experiência como mãe com a paixão por auxiliar famílias na luta contra o câncer infantojuvenil, um desafio que ela conhece de perto. “Ser mulher me ajuda a entender os desafios que as mães enfrentam. Busco tornar esse momento menos doloroso, apoiando e ajudando-as a ressignificar essa jornada“, destaca Bianca, que tem um foco intenso em resultados e busca alinhar ao propósito do Instituto, impactar positivamente milhares de famílias e aumentar as chances de cura da doença no Brasil.
Energia feminina
A presença feminina na ABDAN (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares) tem se consolidado de forma expressiva, refletindo uma transformação no setor de energia, tradicionalmente dominado por homens. A ABDAN reforça seu compromisso em ampliar a diversidade e reconhecer a importância da liderança feminina, alinhando-se à visão da presidência de construir um setor mais inclusivo, inovador e sustentável. “Fazer parte desse movimento de transformação é muito significativo. A presença feminina no setor nuclear cresce a cada ano, e é fundamental que continuemos avançando para garantir um ambiente mais igualitário”, destaca Cristiane Pereira, gerente de Marketing e Comunicação da ABDAN.
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