Estudo revela que profissionais da geração X são os mais afetados pela pressão no ambiente corporativo
Os profissionais de Recursos Humanos (RH) no Brasil estão enfrentando uma realidade desafiadora: longas jornadas e altos níveis de sobrecarga mental. De acordo com a pesquisa Panorama da Saúde Emocional do RH, realizada pela Flash, os RHs da Geração X, com idades entre 43 e 63 anos, são os mais propensos a trabalhar mais de 10 horas por dia — essa geração é a única que relata enfrentar jornadas superiores a 12 horas diárias.
O estudo, que ouviu mais de 900 profissionais do setor, indica que a sobrecarga não é apenas uma questão de volume de trabalho. Cerca de 48% dos respondentes da Geração X ocupam cargos de supervisão, coordenação ou gerência — posições que demandam uma atuação mais estratégica. Esses líderes enfrentam as maiores pressões organizacionais, sendo responsáveis por alinhar metas corporativas às demandas de equipes, muitas vezes reduzidas devido a cortes operacionais.
Entre os respondentes que afirmaram ter enfrentado algum problema de saúde mental no último ano, destaca-se a presença significativa de líderes: 65% dos RHs apontaram algum transtorno emocional, como ansiedade (42%), falta de motivação (16%) e burnout (4%). Entre eles, supervisores e gerentes, em particular, estão entre os que mais sofrem pressão diária, com 24% e 22%, respectivamente, afirmando vivenciar tal condição regularmente.
A situação é agravada pela insuficiência de suporte oferecido pelas empresas: só 40% dos respondentes afirmaram receber algum benefício ou incentivo voltado para a saúde emocional. “Quando o RH não consegue lidar com sua própria saúde mental pode perder a confiança da liderança e dos colaboradores, impactando sua capacidade de atuar como parceiro estratégico. Um RH doente compromete a sustentação de uma cultura saudável, que engaja e retem talentos. Negligenciar esse aspecto pode comprometer o desempenho organizacional como um todo”, afirma Isadora Gabriel, diretora de Recursos Humanos na Flash.
Outra pesquisa realizada pela Flash, desta vez em parceria com a Think Work Lab, mostrou que 38% do tempo de trabalho semanal dos RHs é consumido por tarefas repetitivas ou burocráticas. Intitulado Transformação Digital no RH, o estudo aponta que a tecnologia pode ser uma importante aliada para melhorar esse cenário.
Na visão dos profissionais da área, até 35% do tempo gasto com atividades monótonas, que sugam a energia criativa e têm impacto na saúde mental, poderia ser eliminado com integração de sistemas e o suporte adequado de tecnologias como inteligência artificial (IA), liberando espaço para ações de maior impacto.
Segundo os pesquisadores da Think Work, knowledge tech voltada para profissionais de RH, esse recuo de 35% em atividades estritamente operacionais se traduziria em um ganho potencial de 13% em produtividade. No entanto, a resistência cultural e a falta de expertise permanecem como barreiras significativas para o uso da tecnologia, com cerca de 40% das empresas entrevistadas ainda não tendo iniciado nenhum movimento prático em direção à digitalização do RH. “Adotar tecnologias avançadas no RH é um alívio estratégico para as organizações. Ao automatizar processos repetitivos e oferecer insights precisos, libera tempo para que os profissionais foquem no que importa – transformar dados em decisões, impulsionar o engajamento e alinhar pessoas aos resultados do negócio. Isso não apenas aumenta a produtividade, mas também cria um ambiente de trabalho mais saudável”, diz Isadora Gabriel.
Sobre a pesquisa
O Panorama da Saúde Emocional do RH 2024 foi conduzido pela Flash com 924 profissionais de RH de 30 setores diferentes em todo o Brasil. A pesquisa buscou identificar os principais desafios enfrentados pela área e apontar caminhos para a construção de ambientes de trabalho mais equilibrados e inovadores.
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