Young businesswoman with headache touching her head while sitting in front of computer monitor by her workplace at night

Mais de 3,4 mil funcionários foram afastados do trabalho em 2024 por saúde mental, aponta levantamento da VR

Mais de 3,4 mil funcionários foram afastados do trabalho no Brasil entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024 devido a diagnósticos relacionados à saúde mental, segundo um levantamento realizado pela VR, ecossistema de soluções para trabalhadores e empregadores. Os dados foram coletados em uma base de dados de quase 30 mil empresas que utilizam o serviço de registro de jornada da VR, abrangendo mais de 1,2 milhões de trabalhadores que batem ponto e precisam apresentar atestado médico pela ausência. O período de afastamento variou de 1 a 31 dias.

Outro estudo, do Instituto QualiBest, pioneiro em pesquisas on-line no Brasil, trouxe à tona um panorama complexo. A pesquisa mostra que 75% dos entrevistados avaliam a própria saúde mental como “boa” ou “muito boa”. No entanto, 73% relataram sintomas emocionais nos últimos dois anos.

Estes dados apontam que a saúde mental está se tornando um dos principais desafios para os profissionais de RH e foco principal das ações de gestão de pessoas nas organizações.

Os números da pesquisa da VR revelaram uma curva ascendente de casos de junho a outubro, mês que registrou o maior número de afastamentos no ano passado. A explicação para esse pico pode estar nas campanhas de Setembro Amarelo para a prevenção do suicídio, estimulando os trabalhadores a olharem com mais atenção para a saúde mental. A média mensal foi de 265 casos.

No total, o levantamento identificou 206 CIDs (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) associadas à saúde mental. Entre os diagnósticos mais recorrentes estão Depressão Grave sem Sintomas Psicóticos (F32.2), Depressão Leve (F32), Transtornos Ansiosos (F41), Transtorno Misto Ansioso e Depressivo (F41.2) e Transtorno de Ansiedade Generalizada (F41.1).

Das CIDs reportadas nos atestados de afastamento, 58% dizem respeito a transtornos de ansiedade generalizada ou mista e 36%, a depressão. Em 3% dos casos, foram registrados mais de um diagnóstico associado ao principal. Os setores mais impactados por esses diagnósticos foram Comércio (18%), Saúde (13%), Construção e Serviços Imobiliários (10%), além de Turismo, Eventos e Restaurantes (8%).

Os resultados reforçam dados da pesquisa anual da VR com o Instituto Locomotiva, que em sua edição mais recente revelou que 66% dos trabalhadores brasileiros estavam preocupados com sua saúde mental. Além disso, 35% relataram enfrentar ansiedade, crises de pânico ou depressão, enquanto 43% já lidaram com situações de estresse ou burnout. “Com nosso serviço de registro de ponto, vemos o quanto questões de saúde mental impactam não só os trabalhadores, mas também os empregadores, sobretudo os pequenos e médios. O controle de jornada é fundamental para o equilibro e bem-estar dos trabalhadores, o que impacta positivamente o desempenho organizacional. Por isso oferecemos aos nossos clientes serviços como o PAE (Programa de Assistência ao Empregado) que oferece pronto-atendimento online para aconselhamento e encaminhamento psicológico gratuito, 24 horas/dia, bem como desconto academia que também contribui para saúde física e mental e podem ajudar a reduzir a incidência de casos ao incentivar o autocuidado”, explica João Altman, diretor-executivo de Gente e Gestão da VR.

Sintomas mais comuns

O estudo do Instituto Qualibest apontou que entre os sintomas mais comuns, estão a insônia (40%), cansaço sem causa aparente (34%) e irritabilidade (32%). Vale destacar que isso ocorre com maior prevalência entre as participantes do sexo feminino. “As mulheres tendem a reconhecer e relatar mais os sintomas emocionais, o que pode refletir uma maior abertura para lidar com essas questões,” comenta Fabia Silveira, gerente de Planejamento e Atendimento do instituto de pesquisas.

Embora a pesquisa tenha revelado que 83% dos participantes cuidem da saúde mental, entre os que tiveram algum sintoma nos últimos anos, 37% nunca passou por consulta com especialistas, indicando uma preferência pelo “autocuidado”. Ouvir músicas, assistir séries e filmes, passar tempo com a família e praticar atividade física foram as mais citadas entre as ações feitas para melhorar nesse quesito. Entre os que já procuraram um especialista (56%), 34% já foram diagnosticados com alguma doença emocional. Ansiedade (80%), depressão (43%), Síndrome do Pânico (15%) e Transtornos do Sono (14%), como insônia e hiper sonolência foram as principais enfermidades citadas entre aqueles que já receberam um diagnóstico.

Quanto aos principais gatilhos para essas doenças emocionais ocorrerem, estão: questões financeiras (43%); problemas de relacionamento (39%); e episódios traumáticos ao longo da vida (32%).

Trabalho e saúde mental

Entre os que estão empregados (59%), dois terços relatam contentamento com o emprego atual, refletindo uma dicotomia entre satisfação profissional e impacto emocional, já que 85% da amostra total entendem que o mercado de trabalho contribui em algum grau para o aparecimento de doenças emocionais e 34% confirmam que o trabalho trouxe alguma questão emocional às suas vidas. Entre os fatores que levam a isso, tarefas excessivas, má remuneração e a falta de empatia do empregador são os três principais apontados.

Na outra ponta, empresas com boa remuneração (48%), apoio psicológico (37%), que investem na capacitação e especialização dos funcionários (29%) e têm flexibilidade de horário de trabalho (28%) são bem-vistas e agregam maior qualidade de vida aos empregados. “Pudemos perceber no estudo que o público feminino prioriza benefícios que trazem maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, enquanto os homens tendem a preferir benefícios que entregam maior desenvolvimento na carreira”, finaliza Fabia.

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