Segundo pesquisa encomendada pela Ticket, mais de 75% dos trabalhadores dizem que as empresas não têm orçamento para ações voltadas à saúde mental

De acordo com um levantamento da Ticket, marca da Edenred Brasil de vale-refeição e vale-alimentação, feito com mais de 150 profissionais, 75,5% deles disseram que as empresas em que atuam não têm orçamento direcionado para ações voltadas à saúde mental das equipes. Ao mesmo tempo, ainda de acordo com a pesquisa, 96% afirmaram que o tema é um aspecto importante para a gestão de pessoas em seus ambientes de trabalho. “São números destoantes, que revelam uma distância significativa entre teoria e prática. Apesar de entenderem a importância de políticas que promovam a saúde mental, investimentos reais e contínuos ainda estão distantes do ideal”, comenta Tatiana Romero, diretora de recursos humanos da Ticket.

Entre profissionais que disseram que as empresas em que trabalham possuem orçamento para ações de saúde mental ao longo do ano, 31% revelaram que o investimento será o mesmo de anos anteriores; 25% afirmaram que a companhia aumentará o orçamento; 2% disseram que haverá redução; e a maioria (42%) desconhece os planos da empresa. Já quando questionados se a companhia pretende realizar alguma ação em saúde mental em 2024, 49% disseram que sim, enquanto 51% responderam que não haverá nenhuma ação.

Questões familiares são a principal causa de problemas de saúde mental para profissionais

A pesquisa da Ticket também revelou que questões familiares são a principal causa de problemas de saúde mental nas empresas em que trabalham, com 39% das respostas. Na sequência, aparecem a sobrecarga de tarefas (22%) e a falta de reconhecimento e valorização profissional (15%). “É natural que questões pessoais reflitam no desempenho profissional e nas relações das pessoas em seus ambientes de trabalho, afinal, a vida pessoal e profissional das pessoas caminham juntas. Isso eleva a importância das empresas desenvolverem mecanismos para evitar, identificar e apoiar seus times em situações de fragilidade emocional, sejam elas relacionadas ou não com o trabalho”, comenta Tatiana Romero.

Quando questionados se na companhia em que atuam já houve afastamento por motivo de saúde mental, 51% disseram que sim, enquanto 49% afirmaram que isso nunca ocorreu. Já sobre os transtornos mentais mais comuns, que resultaram em afastamentos, 34% mencionaram a depressão, 29% a ansiedade e 21% o estresse.

Sobre a quantidade de pessoas afastadas no ano passado por motivos de saúde mental, 87% disseram que até 10% do quadro precisaram se ausentar do trabalho, e cerca de 6% contabilizaram até 20% do total de funcionários afastados. “Também perguntamos quantas pessoas colaboradoras da empresa em que atuam podem ter problemas de saúde mental não diagnosticados. 48% estimam que até 10% do time pode estar nessa situação, 16% acreditam que até 20% podem ter problemas sem diagnóstico, e 15% acham que esse número pode corresponder a até 30% do total de funcionários”, revela a executiva.

Alterações no comportamento, com 33% das respostas, e problemas de relacionamento com colegas, com 23%, são os principais sinais de saúde mental que os entrevistados disseram observar com mais frequência nas pessoas da empresa onde trabalham. Também foram citadas as alterações no desempenho (22%), problemas de saúde física (11%) e ter que estar sempre disponível (6,5%).

Em relação às áreas da empresa que as pessoas entrevistadas consideram ter mais problemas relacionados à saúde mental, a mais citada foi Operações, com 44,5%, seguida de Vendas, com 24%, e Finanças, com 9%. “O atual cenário corporativo tem exigido dos RHs um olhar cada vez mais individual, considerando as diferentes áreas, perfis, demandas e, quando possível, o estilo de vida de cada pessoa. Quanto mais personalizada a gestão, mais acolhido o profissional se sentirá”, conclui a diretora de RH.

Exemplos de organizações que se preocupam com a saúde mental dos colaboradores

Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seção Minas Gerais (ABRH-MG), Leandro Souza de Pinho, “a saúde dos colaboradores não pode mais ser vista como um assunto isolado ou apenas de interesse pessoal. Há uma relação direta entre bem-estar emocional e produtividade. As empresas que promovem ambientes saudáveis, acolhedores e que oferecem apoio psicológico contam com equipes mais engajadas e satisfeitas”, afirma.

Segundo o executivo, a relação entre a saúde mental e o desempenho no trabalho já é amplamente discutida no meio corporativo, mas o setor de RH tem um papel fundamental na implementação de estratégias para melhorar essa relação. Pinho explica que políticas de escuta ativa, programas de apoio psicológico e práticas de gestão humanizadas são iniciativas que podem fazer uma grande diferença. “É essencial que as empresas construam um ambiente de confiança, onde o colaborador se sinta à vontade para expressar suas dificuldades, sem receio de ser julgado”, ressalta.

De acordo com Pinho, “a promoção da saúde mental no ambiente corporativo não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas de sobrevivência do próprio negócio. Afinal, colaboradores saudáveis mental e emocionalmente são a base para uma organização sólida e produtiva”, salienta.

Neste Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, a Daiichi Sankyo Brasil, empresa voltada aos cuidados da saúde mental, se uniu à Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata) para combater estigmas com o lançamento da campanha “Conexões Trazem Vida” — um movimento de valorização da vida que incentiva as conexões humanas e animais — em prol de mais diálogo, apoio e leveza na jornada de pessoas com depressão.

Para demonstrar, na prática, como conexões podem trazer mais vida para o dia a dia de seus colaboradores, a Daiichi Sankyo Brasil promoveu um Pet Day em seu escritório, em São Paulo. Na ocasião, as centenas de colaboradores puderam levar seus animaizinhos de estimação para o ambiente de trabalho e acompanhar uma programação interna especial para a promoção da saúde mental. Além disso, a companhia realizou um evento de adoção de pets (cães e gatos) exclusivo aos seus colaboradores no dia 21 de setembro, espaço oficial da ViCa, localizado no bairro Jardins, em São Paulo.

Entre outras ações de bem-estar da companhia, estão:

  1. Modelo de trabalho híbrido: com a ascensão da volta ao trabalho presencial, a empresa se manteve no modelo híbrido, permitindo que os funcionários se dividam entre idas ao escritório e o trabalho remoto. Essa forma de trabalho tem influenciado a colaboração, a comunicação e a qualidade de vida dos colaboradores.
  2. Ações de bem-estar no local de trabalho: em seu escritório, localizado em São Paulo, a companhia oferece desde sessões de massagens rápidas até práticas de ginástica laboral e auriculoterapia para que os colaboradores desfrutem de momentos de relaxamento e descompressão.
  3. Programa de Apoio ao Colaborador (EAP): O EAP oferece aos colaboradores e seus dependentes atendimento com profissionais especializados para suporte familiar, psicológico, jurídico e financeiro, 24 horas por dia, 7 dias da semana.
  4. Curso de idiomas no horário de trabalho: um benefício exclusivo dos estagiários é o acesso a um curso de idiomas, pela empresa, e a realização é das aulas é recomendada que aconteça em horário de trabalho para evitarem a sobrecarga estágio/faculdade.
  5. Benefício de Incentivo à atividade física: parcerias que incentivam os funcionários a se manterem ativos.
  6. Short Friday/Sexta-feira curta: os benefícios convencionais não ficam de fora. Como estratégia para promover uma cultura de trabalho mais eficiente e equilibrada, a empresa oferece uma transição mais tranquila para o fim de semana, permitindo que os colaboradores se desliguem a partir do meio-dia na sexta-feira.

Irineu Silva, diretor de Recursos Humanos da Daiichi Sankyo Brasil, afirma que, “para muitas pessoas, os animais de estimação atuam como uma fonte de energia e bem-estar, beneficiando a saúde física e mental. Por isso, trouxemos essas conexões tão importantes para nossos colaboradores para um dia especial em nosso escritório. Neste encontro, queremos promover um momento de descontração, reforçando a abertura que damos para que nossos colaboradores compartilhem suas emoções e executando um papel ativo em suas jornadas de cuidado com a saúde.”

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2 thoughts on “Setembro Amarelo: ações realmente efetivas ou mais um “carewashing””

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