*Matheus Garutti
Cultivar uma cultura organizacional sólida vai além de simplesmente definir valores, ideias e estampá-los na parede: é muito mais sobre ações — a teoria aplicada ao dia-a-dia. Enquanto estratégia é, em grande parte, sobre como desenhar (e implementar) soluções e dinâmicas capazes de influenciar a forma das pessoas se relacionarem, bem como as tomadas de decisão do cotidiano.
Para além do benefício claro e imediato que uma cultura sólida saudável tem na promoção de um ambiente de trabalho mais leve para todos os seus colaboradores, principalmente no contexto de prestadores de serviço da saúde — como hospitais, clínicas e centros de atendimento integrados com interação direta com o público — essa cultura não apenas impacta o ambiente interno da organização, como também a experiência subjetiva de cada paciente.
Afinal, como esperar da Raquel, atendente da central telefônica, uma conversa atenciosa na ligação com o “seu Pedro” se o Cristiano, seu gestor, nem “Bom dia” costuma lhe dar (quanto mais feedback)? Ou então querer ser recebido com um sorriso no rosto — mesmo que percebido através das sutis marcas de expressão no cantinho dos olhos, logo acima da máscara — do Felipe, auxiliar de enfermagem, que nunca foi celebrado e reconhecido pela Paula, chefe da equipe médica assistencial?
Neste sentido, não tem solução fácil ou passe de mágica. Tem sim muita reflexão e intencionalidade para pavimentar o caminho no sentido do que se acredita.
É muito sobre:
- Buscar oferecer os benefícios adequados, para além das previsões legais, ou seja, conhecer melhor suas pessoas;
- Cuidar para que se tenha relações de qualidade entre os colaboradores — administrativo, médicos e equipes assistenciais, manutenção e limpeza.. todos;
- Investir em um espaço de trabalho agradável para as equipes (inclusive administrativa, muitas vezes praticamente invisível aos olhos do público externo);
- Ter pessoas — principalmente, lideranças — que acreditem e sejam, na prática, a representação dessas crenças
Sim, sobre verbos no infinitivo. Pois cultura é muito mais do que crença, é ação.
E que fique para você, investidor/gestor da área da saúde, que pensar em cultura vai além do compromisso com o bem-estar das pessoas (que por si só já poderia ser razão suficiente). É também compromisso com a jornada do paciente – e, portanto, com o sucesso do seu negócio.
E você, já agiu em cultura hoje?
*Matheus Garutti atua como líder de pessoas, cultura e sustentabilidade na Vision One, sendo responsável por estratégias de bem-estar das pessoas, ambientes mais saudáveis e a agenda ESG do grupo.