Por Camila Ribeiro*

A celebração do Dia das Mães, no próximo dia 12 de maio, nos leva a uma reflexão sobre o cenário da vida profissional das mulheres com crianças. Pesquisas apontam que a chegada de um (a) filho (a) ainda afasta muitas profissionais do mercado de trabalho em comparação aos homens. Além disso, aquelas que decidem manter sua carreira, tornam-se mais ocupadas.

Segundo dados do estudo “Estatística de Gênero – Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação da mulher no mercado de trabalho é menor em domicílios com crianças com até 6 anos de idade. Entre as pessoas de 25 a 54 anos, o nível de ocupação das mulheres com crianças é de 56,6%, enquanto o índice entre as profissionais sem filhos é de 66,2%. Por outro lado, a presença de uma criança na residência impulsiona os homens ao trabalho. Nas casas com filhos (as), a taxa de ocupação dos homens é de 89% e nas sem crianças, de 82%.

A pesquisa também mostra que as mulheres dedicaram 21 horas por semana do seu tempo aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, enquanto os homens apenas 11,7 horas por semana. O reflexo disso é que as mulheres representam 90% dos profissionais que trabalham em atividades parciais por ocuparem mais do que o dobro do tempo em tarefas entre trabalho, família e casa. A pesquisa utilizou dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) e da Pesquisa Nacional da Saúde, entre 2018 e 2022.

A partir da leitura desses dados, surge o questionamento: qual o motivo da maternidade distanciar as mulheres do mercado de trabalho? Uma mulher torna-se mãe quando ela decide criar e educar uma criança ou adolescente gerada ou não por ela, estabelecer laços maternais e vínculos jurídicos. A decisão de uma mulher ser mãe não pode significar o fim ou o retrocesso da sua vida profissional.

Na Votorantim Cimentos entendemos que temos um papel fundamental na promoção da diversidade e da inclusão, bem como na luta pela igualdade de oportunidades. Acreditamos que são as pessoas que fazem a diferença e garantem nosso sucesso contínuo e a evolução de nossa cultura. Respeitamos e incentivamos ideias, opiniões e identidades diferentes e as vemos como fortaleza porque queremos acolher e valorizar a diversidade em todas as suas formas, independentemente de gênero, cor, idade, orientação sexual ou religião.

Na questão de gênero, temos o compromisso de chegar a 30% de mulheres em cargo de liderança no Brasil até 2030. Acreditamos que para chegar lá precisamos dar suporte no desenvolvimento de carreira das nossas mulheres no mercado de trabalho além de trabalhar com toda a organização para criar um ambiente inclusivo. Um exemplo de iniciativa com nosso público feminino é que, há quatro anos, criamos o Lidera VC, um programa com foco no desenvolvimento de mulheres líderes. Mais de 250 mulheres em posição de primeira liderança já participaram do nosso programa, que aborda diferentes temáticas a partir da perspectiva de gênero e inclusão, como estereótipos de gênero, negociação, liderança inclusiva, liderança estratégica e imagem profissional.

Também temos o Clube de Liderança Feminina que atende as mulheres que ocupam posição de média e alta liderança. Já para as profissionais mulheres que ainda não possuem posição de liderança, iniciamos, neste ano, uma série de ações voltadas para carreira, protagonismo e autodesenvolvimento, o Mulheres Construindo Caminhos. Os temas dos fóruns serão Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), comunicação, inteligência emocional e carreira.

Outro programa que iniciamos em 2022 é a mentoria para mulheres negras, ação interseccional entre raça e gênero realizada com uma consultoria especializada em desenvolvimento étnico-racial e focado no avanço de mulheres que ocupam atualmente posições de analistas a consultoras na empresa. A mentoria aborda temas como carreira e empoderamento, tanto sob a perspectiva de gênero como de raça. Em 2023, participaram da iniciativa 23 mulheres negras, autodeclaradas pretas ou pardas, que estão sendo mentoradas por líderes que ocupam posições de liderança a partir do nível de gerência.

Valorizamos as mulheres em suas diferentes fases de vida. Temos inúmeros exemplos de contratação de mulheres grávidas, promoção de mulheres em período ou retorno de licença maternidade e outras situações em diversos momentos da vida profissional, sem que a maternidade tenha sido um empecilho em suas carreiras. Hoje, 30% das mulheres que trabalham na Votorantim Cimentos no Brasil são mães.

A minha experiência pessoal mostra que a chegada do meu filho gerou uma aproximação ainda maior com o meu trabalho. Por meio da minha atuação profissional, desejo contribuir ativamente para termos uma sociedade e um mercado de trabalho mais inclusivos, pois esse será o cenário que meu pequeno irá encontrar daqui a alguns anos. Por isso, não podemos deixar de atuar em uma jornada de evolução para que carreira e maternidade caminhem juntas.

*Camila Ribeiro é mãe do Caleb e gerente de Diversidade e Atração de Novos Talentos da Votorantim Cimentos no Brasil

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