Estudo “Women in the Boardroom” mostra que 6% dos CEOs no mundo são mulheres, representando um aumento de 1% em relação à edição anterior

Mulheres ocupam menos de um quarto (23,3%) dos assentos em conselhos de administração em todo o mundo. É o que mostra a nova edição da pesquisa “Women in the Boardroom”, realizada pela Deloitte — organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo. O índice representa um aumento de 3,6% desde a última edição do relatório publicada em 2022. No Brasil, o percentual de lugares ocupados por mulheres nos conselhos aumentou ao longo do tempo, passando de 8,6% em 2018 para 15,9% em 2023. Apesar dos esforços globais para incrementar a presença feminina em conselhos, o levantamento indica que a equidade de gênero pode não será atingida antes de 2038. 

A ação governamental tem produzido resultados no avanço da equidade no nível do conselho de administração. Cinco dos seis principais países com a maior porcentagem de mulheres atuando em conselhos, de acordo com o estudo, possuem algum tipo de legislação de cotas, variando de cerca de 33% (Bélgica e Holanda) a 40% (França, Noruega e Itália). Contudo, cotas não são o único meio de progresso. Iniciativas governamentais contínuas, como o estabelecimento de metas e divulgações, também impulsionaram o progresso. No Reino Unido e na Austrália, as mulheres agora ocupam mais de um terço dos assentos em conselhos. 

Há 170 mulheres nos conselhos, dentre as 160 empresas pesquisadas no Brasil. Dessas, 4,7% ocupam a cadeira da presidência do conselho — um aumento nesse índice de 0,3% em relação ao ano anterior. A pesquisa revela também crescimento no índice de mulheres que ocupam cargos de CEO no país, em relação à edição anterior – 1,2% para 2,4%.

Entre os executivos financeiros (CFO’s) no Brasil, 9,5% são mulheres (ante 7,3% da edição anterior). Os cinco setores da economia que têm, no Brasil, mais mulheres nos conselhos são: Tecnologia, Mídia e Telecomunicações (19,6%); Saúde (18,2%); Bens de Consumo (16,5%); Manufatura (15,2%) e Serviços Financeiros (15,1%). “É encorajador ver que aqui no Brasil a porcentagem de assentos em conselhos ocupados por mulheres aumentou em mais de 50% desde 2021. Dito isso, o fato de que 15% dos assentos em conselhos no Brasil são ocupados por mulheres, em comparação com a média global de 23%, é um lembrete de que ainda temos um longo caminho a percorrer. Pesquisas continuam a reforçar que empresas com maior diversidade em cargos de liderança sênior e governança superam aquelas sem, em todas as métricas. Acredito que, à medida que o Brasil apoia mais diversidade em nossa liderança, isso também ajudará a impulsionar a economia” ressalta Venus Kennedy, sócia, membro do conselho e líder em estratégia, análise e fusões e aquisições na Deloitte Brasil. 

Mais mulheres estão presidindo comitês de conselhos, mas permanecem menos tempo nos cargos do que homens 

Em diversas regiões, especialmente na Europa, mais mulheres estão assumindo a presidência de comitês de conselhos. Por exemplo, na Itália e na França, as mulheres ocupam a maioria dos assentos ou assumem funções de presidência nesses comitês, e mais de 40% das presidências de comitês de compensação na Europa são ocupadas por mulheres. No Brasil, os comitês com maior presença feminina são os de Auditoria (13,5% de mulheres como membros e 10,2% como presidentes, respectivamente), Governança (19 % e 20%), Nomeações (19,7% e 14,8%), Compensação (19% e 20,6%) e Riscos (13,2% e 13,8%). No entanto, existem diferenças significativas entre as regiões. Enquanto as mulheres ocupam a maioria das presidências de comitês de compensação no Reino Unido (59%), Itália (57%), França (55%) e Irlanda (51%), esse número cai para 27% nos Estados Unidos. 

O estudo aponta uma queda no índice de tempo médio em que as mulheres brasileiras permanecem como membros de conselhos, de 4,4 anos na edição anterior para 4,1 anos. Já os homens permanecem, em média, por 6,1 anos no cargo, representando um aumento de 0,3%. Na presidência do conselho, o tempo médio para mulheres é de 6,3 anos — ante 6,7 anos para homens. A média de idade das mulheres membros dos conselhos é de 54,1 anos; enquanto dos homens é de 58,6. Quando se trata da presidência dos conselhos, a idade média das mulheres sobe para 64,7 anos (ante 61,2 dos homens). “Quando analisamos os números das mulheres atuando em conselhos no Brasil, vemos um aumentar de 10% em 2021 para 16% em 2023. Vemos também um aumento de 30% na porcentagem de mulheres diretoras financeiras no mesmo período. Isto indica que os esforços e iniciativas nesta área podem ter resultados tangíveis. Sabemos que ainda existe um longo caminho a percorrer e temos que continuar a focar em iniciativas e ações para aumentar a diversidade de gênero nos conselhos de administração e o número de mulheres na liderança”, aponta Aline Vieira, sócia-líder do Delas, iniciativa de Diversidade de Gênero, da Deloitte Brasil. 

Cargos de presidente e CEO dificultam a ascensão feminina 

Embora cotas e metas possam contribuir para diversificar os conselhos, ao que parece, esses fatores não exercem o mesmo impacto nos cargos de presidente do conselho e CEO. Globalmente, a proporção de mulheres ocupando a presidência de conselhos é quase três vezes menor em comparação com aquelas que atuam nesses conselhos, registrando 8,4% dos conselhos mundiais sendo presididos por mulheres. 

Quando se trata dos cargos executivos mais elevados, a representação feminina diminui ainda mais, com 6% dos CEOs no mundo sendo mulheres. Isso representa um aumento de 1% em relação à edição anterior da pesquisa. Com a taxa de mudança atual, a equidade global para CEOs não seria alcançada antes de 2111, quase 90 anos a partir de agora. 

Considerando que muitas empresas preferem recrutar membros do conselho com experiência como CEO, esses números não oferecem uma perspectiva otimista para o seu desenvolvimento a longo prazo. As empresas devem ampliar os requisitos do perfil de habilidades para diversificar ainda mais seus conselhos e suprir lacunas críticas de competências. 

Indústria de serviços financeiros se torna a mais diversificada em termos de gênero no mercado 

Em 30 dos países analisados na amostra, a indústria de serviços financeiros (FSI) foi a indústria mais diversificada em termos de gênero nesse mercado. Na última década, mais mulheres foram adicionadas às diretorias executivas de FSI do que homens. Como a diversidade de gênero nas salas de diretoria de empresas financeiras também aumentou durante esse período, pode estar ocorrendo um ciclo virtuoso em tempo real em toda a indústria. Organizações na indústria de serviços financeiros (e além dela) devem intensificar seus esforços para construir o pipeline de futuras líderes mulheres, a fim de sustentar e aprimorar o progresso. 

Metodologia 

As análises globais, regionais e por país são baseadas em um conjunto de dados que abrange 18.085 empresas em 50 geografias, totalizando mais de 206.506 diretorias, alcançando a região Ásia-Pacífico, Américas e EMEA. No Brasil, foram analisadas 160 empresas; dentre essas, 170 mulheres integram os conselhos. Os dados foram coletados até 17 de março de 2023. Com base nesses dados, a publicação “Women in the Boardroom” inclui análises globais, regionais e geográficas sobre o progresso alcançado em direção a uma maior diversidade nos conselhos de administração. 

Acesse a íntegra do relatório global aqui.

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