*Por Ana Guimarães
Com o ano começando, é muito comum que aconteçam avaliações de desempenho, como um ritual de fechamento para colaboradores receberem o feedback da gestão. Mas será que reservar momentos pontuais para reconhecer e orientar as pessoas é suficiente para, de fato, apoiar o desenvolvimento profissional e gerar os impactos necessários no trabalho? Tenho refletido muito sobre o verdadeiro sentido das avaliações e como nós, líderes, podemos nos apropriar desse recurso para promover um ambiente favorável à alta performance e à realização profissional.
Em um mundo hiperdinâmico, a gestão de desempenho deve assumir um ritmo constante, tornando-se uma gestão de desempenho contínua. Quando digo contínua, quero dizer praticamente diária. Primeiro, justamente, pela velocidade com a qual estamos impelidos a aprender.
À frente de uma equipe de sete pessoas, busco orientá-las no dia a dia sobre erros, acertos e ter novos alinhamentos sempre que entender que há possibilidade de lapidar o processo, tendo em vista que hoje as estratégias mudam muito. Por isso, é importante que a gente esteja formando as pessoas, principalmente em um negócio como o ManpowerGroup, em que temos novos projetos a todo momento e precisamos de pessoas cada vez mais preparadas.
Em segundo lugar, porque uma das mudanças mais significativas que vemos no mundo do trabalho é o novo papel das lideranças, que passam a atuar como facilitadoras do processo de desenvolvimento de pessoas. Neste sentido, como vamos criar oportunidades de aprendizado se não estamos nos comunicando com a nossa equipe?
Um dos impactos mais relevantes da gestão de desempenho contínua que observo com o time é da clareza sobre os acontecimentos. Quando há o feedback no momento em que uma situação acontece, temos mais facilidade para dar exemplos e deixar “concreto” o apontamento que estamos fazendo. É o cenário perfeito, porque as pessoas conseguem entender melhor o que é esperado em relação ao trabalho que elas entregam. Logo, é provável que o aprendizado aconteça e a performance evolua.
Vejo ainda que é crescente a demanda das pessoas trabalhadoras para serem protagonistas de suas jornadas profissionais. A gestão de desempenho contínua, tendo o feedback como seu principal instrumento, favorece não apenas uma visão mais clara sobre competências e comportamentos a serem mantidos ou aperfeiçoados, como também permite que expressem suas percepções sobre o trabalho e seus projetos de carreira.
É claro que nem sempre o feedback é algo que as pessoas gostam de ouvir e isso pode ser desafiador para líderes. Mas quando surge a necessidade de uma devolutiva devido a algum tipo de equívoco, gosto sempre de trazer para as pessoas que a conversa parte do seguinte lugar: acredito em você e quero que você se desenvolva. De forma genuína, essa premissa estabelece um diálogo mais construtivo, capaz de gerar reflexões e mudanças.
Incorporar a gestão de desempenho contínua nas relações entre líderes e liderados é uma forma de atualizar algo que sempre foi importante para empresas e colaboradores, além de ser um caminho necessário para as organizações acompanharem as transformações, com pessoas em constante formação e evolução, e também para que a ideia de um ambiente seguro e sustentável seja realidade, com conversas transparentes, efetivas e mobilizadoras.
*Ana Guimarães é diretora de Operações do ManpowerGroup Brasil