Levantamento realizado pela HR Tech Mereo com empresas de atuação nacional e internacional aponta redução de 5 e 2 pontos percentuais, respectivamente, em comparação com o ano passado
Cotação mais baixa do dólar, crescimento econômico surpreendendo economistas e analistas e desemprego em baixa. Nada disso estava previsto para este ano e, ao que tudo indica, o sentimento de incerteza sobre a economia brasileira, no final do ano passado, fez as empresas apertarem os cintos. Prova disso é a pesquisa realizada pelo HRtech Mereo junto a 95 empresas, de 36 segmentos diferentes e 30 delas listadas em bolsa. Os achados do levantamento mostram uma redução de 5% nas diretrizes de transformação digital — de 18%, em 2022, para 13% em 2023 — e de 2% em inovação — de 4%, em 2022, para 2%, em 2023.
Transformação digital é uma estratégia que visa capacitar o setor de Gente e Gestão a tomar decisões mais informadas, alavancando o poder dos dados e das tecnologias avançadas. Já a inovação busca fortalecer os laços entre o setor e os colaboradores, aprimorando o engajamento e a experiência dos funcionários.
Os dados apontam, ainda, que os segmentos que mais utilizam metas com a diretriz de transformação digital e inovação são os de seguro (46%) e agronegócio (17%). Além disso, a meta de transformação digital está pouco presente nos cargos de alta liderança: VP/diretor (1%), gerente (1%), coordenador (4%) e analista (6%).
De acordo com Ivan Cruz, cofundador da Mereo, plataforma integrada de gestão de pessoas presente em mais de 40 países, responsável por atender a 10% das 500 maiores empresas do Brasil, a implementação de transformação digital e inovação são elementos essenciais para eficiência, competitividade e adaptação às demandas em constante evolução. “Não se tratam de palavras de moda, e sim de práticas que precisam ser implementadas na cultura organizacional. É fundamental que as empresas reconheçam a necessidade de abraçar essa transformação cultural e tecnológica e comecem a implementar estratégias concretas para alcançar o equilíbrio entre as aspirações, as ações e um mercado tão dinâmico e exigente”, pontua.
Por outro lado, a agenda ESG (ambiente, social e governança, em português) ganha força nos ambientes estratégicos das companhias, com aumento de 10% em relação ao ano passado — subiu de 18% a 28%.
No total, o levantamento identificou as 11 principais diretrizes utilizadas pelas companhias: foco no colaborador (96%), excelência profissional (85%), gastos (62%), foco no cliente (40%), boas práticas de gestão (36%), crescimento/expansão (29%), ESG (28%), rentabilidade (24%), fluxo de caixa (17%), transformação digital (13%) e inovação (2%).
Com base no levantamento da HR Tech e observando o mercado, foi possível mapear tendências para a área de Gente e Gestão em 2024. Elas refletem, explica Cruz, a evolução contínua do setor e a importância de atender às necessidades dos funcionários, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo, equitativo e orientado por dados. “À medida que as empresas se adaptam a essas tendências, estão melhor posicionadas para atrair, reter e desenvolver talentos, além de impulsionar o sucesso organizacional”, pontua.
Seis tendências para o setor em 2024
Inteligência artificial (IA) e análise de dados: são instrumentos que estão moldando profundamente a forma como o setor de Geste e Gestão opera. A IA é usada para automatizar tarefas de rotina, como triagem de currículos e agendamento de entrevistas, economizando tempo e permitindo que os profissionais de Gente e Gestão se concentrem em tarefas mais estratégicas. A análise de dados fornece insights valiosos sobre o desempenho dos funcionários, tendências de recrutamento, satisfação do funcionário, etc. São ferramentas que permitem ao setor tomar decisões baseadas em evidências e aprimorar suas práticas.
Trabalho remoto e flexibilidade: aceleradas em razão da pandemia da Covid-19, são duas tendências que devem continuar à medida que as empresas reconhecem os benefícios, como a capacidade de atrair talentos globalmente, reduzir custos de escritórios e promover um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. No entanto, o desafio está em encontrar o equilíbrio entre o trabalho presencial e o remoto, garantindo que os funcionários permaneçam conectados e engajados.
Bem-estar integral aos colaboradores: as empresas estão priorizando o bem-estar integral, que inclui a saúde mental, emocional e financeira dos funcionários. Isso envolve a oferta de programas de apoio, como aconselhamento psicológico, treinamento de resiliência e educação financeira. O objetivo é criar um ambiente de trabalho que promova a saúde e o equilíbrio dos funcionários.
Diversidade, inclusão e equidade: deve ser encarado como prioridade pelas organizações, o que significa criar ambientes de trabalho onde todos os funcionários se sintam valorizados, independentemente de sua origem, gênero, orientação sexual, idade ou deficiência. As empresas estão implementando políticas e práticas para eliminar preconceitos e criar oportunidades equitativas para todos.
Estratégias de engajamento de colaboradores: é fundamental desenvolver estratégias para manter os funcionários motivados e envolvidos em seu trabalho. Isso inclui feedback regular, desenvolvimento de carreira, reconhecimento e oportunidades de crescimento.
Employer branding: a “marca do empregador” refere-se à reputação de uma empresa como empregadora. As companhias estão investindo em construir uma marca forte, atraindo talentos com os valores, cultura e oportunidades que oferecem. O employer branding não se limita ao recrutamento, mas também influencia a retenção de funcionários e a imagem da empresa no mercado.
Dados gerais do estudo
95 empresas avaliadas
24 segmentos diferentes
30 empresas listadas em bolsa
40% têm atuação internacional
44% são de grande porte
37% são de médio porte
19% são de pequeno porte