*Marcelo Souza

Anualmente, nesta época, reunimos nossos especialistas para revisitar os acontecimentos mais significativos nas práticas de gestão de pessoas ao longo do ano e antecipar os temas que irão influenciar nosso setor no próximo ciclo. Esse exercício é essencial em nosso planejamento, pois nos permite continuar contribuindo de forma relevante para o progresso dos clientes em diversas áreas de Recursos Humanos, além de nos anteciparmos a questões que eles enfrentarão durante o ano.

Escassez de profissionais qualificados
Pelo que debatemos, 2024 vai começar com uma forte pressão sobre o apagão de mão de obra. Essa problemática não é nova. No Brasil, estamos lidando há pelo menos 30 anos com a questão, que persiste como um desafio contínuo para as empresas e especialmente para os profissionais de RH. Mas, neste momento, o que mudou para deixar todos ainda mais preocupados?

O apagão de mão de obra não está relacionado apenas à questão técnica, ou seja, a falta de profissionais em algumas áreas do mercado não se deve apenas à ausência de formação técnica, mas principalmente pela falta das novas competências pessoais e profissionais exigidas por um mercado cada vez mais dinâmico e exigente. Essa realidade tem pressionado fortemente as equipes de RH, tanto para o desenvolvimento dessas competências e habilidades nos times internos quanto na busca por profissionais que já possuam tais aptidões. Em 2024, as empresas terão que contar ainda mais com o apoio de ferramentas tecnológicas que facilitem a identificação desses perfis com rapidez e assertividade, de forma a agilizar o preenchimento de vagas.

Desenvolvimento de líderes
Outro ponto que segue relevante no próximo ano é o desenvolvimento das lideranças. Gestores de alta performance precisam aprender a gerenciar a diversidade nas organizações, abrangendo diferentes gerações e experiências. Embora seja evidente o impacto positivo da diversidade nos resultados das empresas, cabe aos líderes integrar essa diversidade de maneira eficaz em suas rotinas diárias, maximizando o potencial dos profissionais e garantindo seu engajamento contínuo. Diante desses desafios e de equipes cada vez mais diversas, é fundamental contar com gestores capacitados a atender essas novas demandas.

Modelos híbrido, presencial e remoto
Os modelos de trabalho estão em debate desde o final da pandemia. Será que o híbrido está definitivamente em xeque? Equipes têm sido cobradas a voltar para um trabalho 100% presencial, com a justificativa de que os gestores têm maior controle de suas ações, atividades e produtividade. Mas, por outro lado, a adaptação eficaz e a entrega de bons resultados no formato remoto tornam o retorno ao modelo tradicional indesejado para muitos. Em 2024, o RH enfrentará o desafio de encontrar um modelo que atenda às necessidades das empresas, enquanto os gestores precisarão ser capacitados para lidar melhor com equipes em diferentes formatos. A ênfase no resultado sobre o tempo dedicado à empresa ganhará destaque, gerando discussões mais intensas.

Afinal, a organização efetiva de empresas como excelentes ambientes de trabalho está intrinsecamente ligada à cultura percebida pelos profissionais. A cultura organizacional, no seu cerne, reflete a cultura dos líderes e de suas áreas. A percepção de estar no melhor lugar para trabalhar surge quando a cultura pessoal se alinha à cultura organizacional, fundamentada na participação ativa e comprometida com os valores e missão da empresa. A chave para o sucesso reside em buscar profissionais alinhados com essa cultura. O conforto vai além de um sorriso ou uma cadeira ergonômica; envolve desafiar as capacidades individuais dentro do limite possível, estimular competências e desenvolvê-las quando necessário.

Novas tecnologias
O avanço constante das tecnologias impacta significativamente o cotidiano profissional e empresarial, proporcionando soluções inovadoras. Diante dessa realidade, é crucial reconhecer a importância de uma rotina de aprendizado, reciclagem e atualização curricular, incorporando à rotina das pessoas o conceito de lifelong learning. Essa prática que se popularizou reflete a postura adotada pelos profissionais mais bem-sucedidos ao longo de suas trajetórias. A busca contínua por conhecimento não apenas aprimora habilidades, mas também amplia a empregabilidade. Destacar-se no cenário profissional requer familiaridade com as principais soluções e inovações do setor, sendo essencial para quem busca transições de carreira ou explorar novos mercados.

Competências pessoais
Outro aspecto relevante como tendência e um grande diferencial para os profissionais está relacionado ao autoconhecimento de suas competências pessoais. Essa é a chave para o sucesso na carreira e na vida pessoal, pois quem se conhece é capaz de inovar sempre, de buscar novos desafios e de contribuir para a melhoria contínua das empresas.

Essas são apenas algumas tendências que deverão impactar o setor de Recursos Humanos no próximo ano. Precisamos, entretanto, reforçar que essa área, assim como tantas outras dentro das organizações, está em efervescente evolução — ou seja, o que num momento pode ser uma tendência, no seguinte já faz parte do cotidiano. Nesse cenário de mudanças ágeis e recorrentes, só há algo imutável: a importância do conhecimento e da valorização do capital humano em todas as iniciativas.

Marcelo Souza é CEO do Grupo Soulan e Country Manager da Thomas International Brasil.

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