Diego Barreto, VP do iFood, e Sandor Caetano, CDO do PicPay, revelam em livro que, mais do que bons cientistas de dados, é necessário uma visão unificada de toda a empresa para usar a tecnologia a favor do negócio e alavancar seu potencial de inovação
Especialistas em inteligência artificial, Diego Barreto, VP de Finanças e Estratégias do iFood, e Sandor Caetano, Chief Data Officer do PicPay, afirmam que a chave para transformar qualquer empresa em uma potência de IA é a liderança de pessoas. No livro “O Cientista e o Executivo – Como o iFood usou a inteligência artificial para revolucionar seus processos, criou vantagem competitiva e se tornou um case mundial de sucesso” (Editora Gente), o executivo, Diego, e o cientista, Sandor, revelam a aposta do iFood em IA, que levou, inclusive, à saída de concorrentes deste mercado como Uber Eats, Glovo e Merqueu.
É comum empresas destinarem uma verba para ser investida em IA e elegerem um executivo como responsável pela implementação de todas as iniciativas referentes ao tema. “Largam essa pessoa sozinha para que ela saia correndo atrás do que precisa ser feito. Mas é necessário haver uma visão unificada de toda a empresa a respeito do plano de IA, a começar pela alta liderança”, aconselha Sandor Caetano. Segundo o especialista, a estratégia para implementar IA tem de chegar a todos os pontos da empresa: do profissional gerador de dados, que faz parte do time de tecnologia, passando pelos criadores de produtos da companhia e pelas pessoas que realizam o atendimento ao cliente, até aos tomadores de decisão. “Quando há apenas um executivo responsável pela área de IA, ele perde muito tempo fazendo o relacionamento necessário para conseguir que as coisas aconteçam e isso pode ser muito custoso”, completa.
Se todos os colaboradores estiverem unidos em torno do propósito de IA, ficará mais fácil priorizar os recursos financeiros necessários. “Dessa forma, não haverá discussões desnecessárias sobre a verba. Por isso, é essencial que a empresa inteira se mobilize em torno dessa transformação”, diz Diego Barreto. Nessa trajetória, os líderes devem se esforçar para formar mini-CEOs. “Todos precisam se comprometer com os resultados. Os técnicos, por exemplo, precisam se sentir como ‘donos’ e saber que têm algo a ganhar e também a perder, dependendo de como o projeto caminhar”, ressalta.
Diego Barreto e Sandor Caetano concluem que a empreitada é desafiadora e as projeções do mercado em torno da IA mostram uma certeza: que as empresas precisam estar preparadas para a mudança. Relatório da McKinsey & Company revela que a aplicação da IA generativa em diferentes indústrias pode movimentar entre US$ 2,6 trilhões e US$ 4,4 trilhões, por ano, na economia global. E a previsão é que a maior parte desse valor seja gerado em quatro áreas principais: pesquisa e desenvolvimento, marketing e vendas, engenharia de software e operações relacionadas a clientes. É indispensável deixar de lado a resistência para se reinventar e colher bons frutos rumo ao futuro promissor e em plena expansão.
Outro ponto fundamental na jornada de transformação para uma empresa de IA é a liderança saber o momento correto de realizar promoções. Como há dificuldade de encontrar cientistas de dados disponíveis no mercado, é muito comum que bons profissionais sejam promovidos prematuramente a cargos de liderança. “Uma coisa é ser eficiente escrevendo códigos, outra totalmente diferente é liderar uma equipe”, alerta Sandor. As lideranças devem permitir que os talentos sejam capazes de executar, sem medo, as ações que geram resultados. As entregas, quando se fala de IA, são diferentes se comparadas a outros sistemas. “As metas são progressistas e adaptáveis conforme o cenário, impulsionando o avanço cada vez mais rápido”, alerta Diego.
Os especialistas também ressaltam a importância de disponibilizar informações de fácil acesso a todos os colaboradores da empresa. No iFood, tema do livro dos autores, foi criada a certificação BADHUs (Business Analyst Heavy Data Users), que permite aos profissionais, inclusive aos de fora da área de TI, acesso aos dados.
Essa abordagem inclusiva de democratização dos dados no iFood não apenas capacita todos os colaboradores, mas também impulsiona a inovação e a tomada de decisões orientadas por dados em toda a empresa. Uma lição valiosa que pode ser aplicada em organizações de todos os setores e tamanhos, oferecendo um caminho claro para o futuro da análise de dados no ambiente de trabalho moderno.