*Yuri Cayuela

Recentemente, o Congresso Nacional rejeitou o veto integral do presidente Lula ao projeto de lei (PL 334/2023) que prorroga a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia até dezembro de 2027.

O Senado Federal teve 60 votos a favor e 13 contra, enquanto na Câmara dos Deputados foram 378 a 78. Sem essa decisão, o benefício fiscal não irá expirar em 31 de dezembro de 2023.

A medida, já esperada diante da pressão parlamentar, acontece enquanto o governo planeja apresentar uma alternativa para negociar o benefício fiscal. Atualmente, o benefício envolve uma substituição da contribuição das empresas destinadas à Seguridade Social, 20% sobre a folha de balanço, por uma contribuição sobre a receita bruta que varia de 1% a 4,5%. O modelo também aumenta em 1 ponto percentual a alíquota da COFINS de importação para determinados bens. Com o veto, o Governo estima perda de arrecadação de aproximadamente R$18,4 bilhões em 2024.

Atualmente este benefício fiscal abrange os setores de fabricação e vestuário, calçados, construção civil, call center, comunicação, empresas de construção e obras de infraestrutura, couro, fabricação de veículos e carroçarias, máquinas e equipamentos, proteína animal, têxtil, tecnologia da informação (TI), tecnologia de comunicação (TIC), projeto de circuitos integrados, transporte metroferroviário de passageiros, transporte rodoviário coletivo e transporte rodoviário de cargas.

Além da desoneração para os 17 setores, o projeto restaurado reduz a contribuição previdenciária de municípios com até 142 mil habitantes.

O governo argumentou inconstitucionalidade e falta de impacto positivo no emprego, prometendo judicializar o projeto. Nas palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PE), “obviamente que o governo vai tomar as providências, sem deixar de apresentar uma alternativa”. Uma alternativa cogitada pelo governo e apresentação aos meios de comunicação seria, por meio de uma medida provisória, provendo descontos diretos na folha ou a restrição da lista de setores beneficiados. Especula-se também um possível aumento na Cide sobre combustíveis para compensar a medida.

De todo modo, o fato é que a desoneração da folha permanecerá válida até 2027 e irá beneficiar diretamente 17 setores da economia. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil – ABIT, o setor mantém 1,5 milhão de postos de trabalho, ao passo que os 17 setores juntos são responsáveis ​​por empregar diretamente mais de 8,5 milhões de pessoas, sem contar os empregos indiretamente. Por agora, está suspenso o benefício fiscal para os 17 setores que se comprometeram a manter os empregos de milhões de funcionários e o não aumento de custos operacionais que iriam, sem sombra de dúvidas, contribuir para aumento de custos de produtos, serviços, transportes e danos uma inflação.

* Yuri Cayuela é advogado da área Tributária do escritório Cerqueira Leite Advogados Associados.

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